O ÍNDIO
Os índios em Sergipe no século XIX, além de praticarem a agricultura de subsistência e a pesca, também se ocupavam de outros ofícios. Os homens tornaram-se sapateiros, pedreiros, alfaiates e outras demais funções subalternas de uso braçal, como assalariados da terra, tangedores de gado e/ou fornecedores de gêneros alimentícios, através das feiras, às vilas e cidades. As mulheres, não raramente, se ocuparam dos artesanatos e de outros ofícios caseiros.
COMO ERAM VISTOS?
Os indígenas eram constantemente enxergados como empecilhos ao desenvolvimento da riqueza e dos privilégios dos senhores de terra, pois, esses nativos, ocupavam as terras que poderiam ser incorporadas ao patrimônio dos senhores, ampliando assim, a empresa agroaçucareira.
QUANTOS ERAM?
No início do século XIX, segundo a historiadora Maria Thétis Nunes, a população indígena sergipana contava com aproximadamente 1440 pessoas, distribuídas pelas aldeias de Água Azeda, Geru, Japaratuba, Pacatuba, Porto da Folha e Rio Real, significando apenas 2% da população total sergipana.
A EXPANSÃO CANAVIEIRA E AS TERRAS INDÍGENAS
A enorme expansão dos canaviais, a partir da década de 1830, trouxe a necessidade de mais terras para o desenvolvimento saudável dessa empresa. Os senhores de engenho ambicionaram ocupar as terras das aldeias indígenas, legalmente asseguradas, na época, aos nativos. As pressões, investidas e ataques, por parte dos senhores, foram constantes e progressivos.
O presidente da província sergipana, Zacarias de Góis, sensibilizado com a situação por qual passava os índios, conseguiu do Governo Imperial a vinda do Frei Doroteu de Loreto. Este, intencionado a catequização e mesmo à proteção dos nativos. Contudo, influenciado pelas pressões dos detentores do poder local, que estavam na iminência de serem agraciados pela Lei de Terras, o presidente Góis, em documento oficial, afirma que não existe mais índios aldeados em Sergipe. Assim, esse golpe justificava a ocupação das terras indígenas pelos senhores de gado e açúcar e também a incorporação, pelo Estado, dessas aldeias. A mesma medida foi seguida pelo presidente Dr.º José Antônio, baseando-se no argumento que em Sergipe não existia índios puros e sim mestiços e domesticados e já incorporados às funcionalidades das aldeias, cidades e vilas.
O Governo Imperial também corroborou essas duas decisões dos governantes sergipanos ao extinguir a Diretoria Geral dos índios. Sobretudo, saiam vitoriosos os senhores de terras e os indígenas desapareceram ou mesclaram-se com as populações locais, sumindo dos relatórios oficiais e só aparecendo com a denominação de caboclo no Censo de 1891.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Fios do Inesperado e da Resistência”: Negros, Índios, Mestiços e Mulheres em Sergipe no século XIX. In: SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II, São Cristóvão, CESAD – UFS, 2010, Aula 5, p. 93-112.
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